No primeiro simulado do Plano de Emergência Individual (PEI) realizado pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), no Porto de Antonina, a equipe da Appa levou menos de uma hora para conter um acidente fictício com o vazamento de aproximadamente mil litros de óleo diesel no mar, provenientes de uma embarcação de dragagem ancorada no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP).

De acordo com o diretor-presidente da Appa, Lourenço Fregonese, o tempo de resposta no simulado comprovou a eficiência dos técnicos que atuam na área de emergências ambientais. “É nesse momento que é colocado em avaliação o preparo dos agentes”.

Os pesquisadores biólogos Dra. Danyelle Stringari e Euclides Selvino Grando Jr, os médicos veterinários Dra. Letícia Koproski e Dr. Paulo Rogério Mangini, juntamente com o estudante de biologia, auxiliar técnico Leonardo José Duda – integrantes da equipe técnica-científica permanente do projeto de despetrolização da fauna, também participaram das atividades.

Ainda em terra firme, a Dra Letícia fez uma palestra para os demais integrantes da equipe técnica e brigadistas voluntários sobre o atendimento de animais oleados, conteúdo ao qual já tiveram acesso durante os cursos de Despetrolização da Fauna realizados nas sedes da APPA, em Paranaguá e do Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED/PR), em Curitiba.

Durante a operação, as equipes tiveram de demonstrar capacidade e agilidade para contenção e recolhimento do líquido, proteção de áreas sensíveis e atendimento à fauna petrolizada, combatendo as possíveis consequências que um acidente dessa magnitude pode gerar. Toda a ação foi acompanhada por fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), unidade Paraná, que contribuíram para a realização e avaliaram o desempenho da equipe.

“Os simulados servem como um exercício indispensável para a escolha dos melhores caminhos e correção de possíveis falhas. O que se percebeu, nessa situação, foi um tempo rápido de resposta e uma série de melhorias e avanços, na comparação com outros simulados já realizados pelo órgão em outros locais”, disse o responsável pelo Núcleo de Emergências Ambientais do Ibama Paraná e analista ambiental, José Joaquim Crachineski.

O SIMULADO – Cerca de 30 pessoas da área ambiental da Appa, brigadistas voluntários e equipe técnica do CEPED/PR, participaram da ação que envolveu diferentes etapas, como a identificação do risco; o diagnóstico da situação; a definição das medidas cabíveis; a resolução; e a comunicação pública sobre o problema.

Vários bambolês foram usados na representação do óleo, por apresentar semelhança com a atuação do material na água. Para a operação, cinco embarcações foram utilizadas, além de materiais como barreiras de contenção e absorventes, recolhedor, tanque de armazenamento flutuante e itens para tratamento da fauna.

As equipes de busca e resgate montadas para atuar no simulado, avistaram duas aves oleadas na ponta do Félix, no Porto de Antonina. Elas estavam próximas ao local onde estavam posicionadas as boias de contenção utilizadas pela equipe da resposta primária ao acidente. “Dadas as dimensões da embarcação utilizada para o resgate, bem como a profundidade e natureza rochosa do fundo no ponto de localização dos animais atingidos, optou-se pelo desembarque da equipe em escada de acesso aos berços, a aproximadamente 400 metros dos animais localizados, sendo o deslocamento da equipe de resgate feito com apoio de veículo terrestre”, relata a Dra Letícia.

Koproski conta ainda que a equipe capturou dois pinguins-de-magalhães com o auxílio de um puçá. “As aves artificiais foram contidas fisicamente com o auxílio de luvas de vaqueta. Nesse momento, realizaram-se os primeiros procedimentos de atendimento, caracterizados pela limpeza das vias aéreas e dos globos oculares. Após o manejo, os animais foram acondicionados em cestos adaptados para o transporte. Ainda no local, as fichas de registro inicial foram preenchidas com informações básicas sobre os pacientes, sendo priorizadas as informações que identificavam as espécies, porcentagem de petrolização e condição geral dos animais”.

RECEPÇÃO DA FAUNA OLEADA – A equipe de resgate desembarcou nas proximidades do Centro de Proteção Ambiental (CPA), localizado no cais do Porto de Paranaguá, transportando “um indivíduo apático com 15% de superfície oleada e outro prostrado com 30% de superfície oleada”, explica Dra Letícia. Os animais foram recepcionados pela equipe de atendimento, que verificou os dados do campo e procedeu os exames clínicos e a pré-lavagem nos animais. Na pré-lavagem, o excesso de combustível dos globos oculares foi retirado com solução fisiológica e dos bicos com óleo mineral. Após esse procedimento, eles foram encaminhados para lavagem de emergência.

Ainda segundo relatório da Dra. Letícia Koproski, as lavagens simultâneas dos animais capturados foram realizadas em bacias com água aquecida e detergente na diluição adequada de acordo com toxicidade do produto. A técnica de lavagem seguiu a sequência: cabeça, dorso, asas, ventre, cloaca e pés. A fim de treinamento, após a lavagem os pinguins foram encaminhados ao enxague que ocorreu com o uso de mangueira e ducha de direcionamento. “A pressão no enxague se faz necessária para a efetiva retirada de resquícios de combustível e também do detergente. Nenhum desses produtos pode permanecer no animal, pois impediria a posterior impermeabilização das penas”, afirma a veterinária.

Na sequência do fluxo do atendimento, o excesso de água dos pacientes foi retirado com o uso de toalhas e realizou-se a hidratação pós-lavagem dos animais. Logo em seguida, os pinguins foram acondicionados em caixa d’água forrada com manta absorvente para secagem com secadores e aquecedores, sendo protegidos por tela mosqueteiro para prevenção de fuga e de ocorrência de malária aviária. “Com a finalidade de treinamento, cada integrante da brigada executou todos os passos descritos no atendimento da fauna”, explica.

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AVALIAÇÃO DO SIMULADO – Após as operações no mar e no Centro de Proteção, as equipes participaram de uma reunião de avaliação e desmobilização do simulado, com participação dos coordenadores de resposta e de campo, equipe de fauna, Ibama e os responsáveis pela Diretoria de Meio Ambiente (DIRAMB), da Appa, realizada no CPA. Em seguida, houve a finalização da atividade de lavagem dos animais.

Segundo o diretor de Meio Ambiente da Appa, Bruno Guimarães, o resultado apontou o preparo dos agentes para resolver possíveis ocorrências dessa natureza. “A equipe agiu rápido e conseguiu, de maneira correta e tranquila, identificar a intensidade do problema e propor a melhor solução. Por isso, o tempo de resposta foi muito menor que o previsto no Plano, que, nesses casos, estabelece a solução em até duas horas”, explicou.

Na opinião da bióloga e diretora acadêmica do CEPED/PR, Danyelle Stringari, o simulado permitiu verificar “a capacidade de reunir a brigada voluntária necessária para dar a resposta inicial a uma situação de emergência ambiental que possa envolver a fauna, além de ter possibilitado a execução da prática de despetrolização da fauna”.

O projeto ‘Estruturação, implementação e gerenciamento de uma base especializada no resgate e na despetrolização em caso de acidentes ambientais na área do Complexo estuarino de Paranaguá (CEP)’, é resultado de convênio firmado entre a Universidade Estadual do Paraná (Unespar, a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Estadual do Paraná (Funespar) e a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), sob a coordenação da profa. Dra. Danyelle Stringari, diretora acadêmica do (CEPED/PR).

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